Você acha mesmo que é na inocência do toque, que presunçoso
demora nas pinceladas, tentando compor a forma perfeita com base em traços
sublimes, que iras controlar o amor?
Para que se basear no medo de dar o melhor e não receber o
mesmo, sabendo que o quê já foi recebido, é superior ao terreno desejo?
Ela é deusa de formas perfeitas... história de sobrevivência
e amor honesto. E na certeza desta percepção que se mantém curvada diante dela,
sem saber como agir sem maculá-la.
Você seria capaz de
seguir a fé e o amor que a ela dedicas por mero fascínio?
Pede certezas... mas...
Que provas são
capazes de dar o tempo que não foi vivido?
Que poder de certeza tem o momento se ele é composto em
instantes?
Deixe seus desejos depositados nela... Porque essa
grandiosidade não pode ser efêmera... é energia e fogo demais para se extinguir
em um sopro de infantil vaidade.
Diga logo: Te amo morena... Por que transborda verdades para
além da capacidade de compreendermos. Porque suas lágrimas regaram a aridez em
mim. Porque preciso da sombra e do perfume de uma aroeira.
Ela é o que é por ser
guardiã e poetisa. É a voz na noite que instiga seus instintos, sua inspiração
bandida. É o silêncio misterioso que desperta seu querer.
Portanto, não ignore, que simplesmente
beijá-la... tê-la... estagná-la em letras e versos é inútil! Ela vive na brisa
que circunda o horizonte e negá-la é fingir que não existimos.
Dê valor ao privilégio de
vislumbrar a glória dela, através da nudez acobreada, que te tomou em meio a suor,
gemidos e amor... que te fez imóvel no êxtase, tendo a
lua por cúmplice, por sentinela, velando o jogo de almas em corpos sedentos, em
uma noite onde de duas se fez muitas.
Em meio a estas declarações,
questões, fascínio e certezas, uma coisa está clara... No amanhecer de outrora
os medos se viram sem fonte, o desejo faminto, o amor criando forma ao bel
prazer dos instantes e você, poetisa – antes contida e disforme – com o poder de
versar sobre a deusa da noite.