Sinto que acabou meu amor... não meu amor por ti, que a
muito tenho cultivado, mas o nosso nós.
Se assim for, agradeço por todo o ensinamento que me
proporcionou, pela paciência, pela companhia, carinho, risadas, amizade,
autoenfrentamento e fé.
Mas, não sou a pessoa que você possa amar sem suar sangue.
Não sou o amor calmo das manhãs de domingo, muito menos a estabilidade do bem
querer resolvido.
Sou aquela que vai
tirar sua noite de sono, sua segurança, sua autoestima, sua energia, não por
maldade, não... mas por ser tão somente o que sou.
Sou aquela que sempre se esforçou para se adequar a sua
expectativa de mulher, mas, que no fim, não sustentou as mudanças, saindo como
falsa e mentirosa. Tudo bem, pois sei
que a tentativa foi verdadeira.
Sou aquela que não quer abrir mão das outras possibilidades
de existir, somente porque elas o assustam.
Sou aquela que não suporta abster-se da diversidade humana,
vivendo apenas na homogeneidade de grupos. Isso me desestimula, emburrece e
enraivesse.
Sou aquela que aprendeu que não faz bem viver apenas no
mundo do outro, pois o meu também é fascinante, embora não o agrade.
Sou aquela que precisa de amigos por perto porque no fim...
tudo são pessoas, sem elas não evoluímos e muito menos nos divertimos.
Sou aquela que vive no presente, porque o passado é
aprendizado e o futuro muito distante.
Sou aquela incógnita que sempre despertará em seus extintos traição,
abandono e medo e que aceita que não há culpa nisto, pois são questões suas.
Sou aquela ébria, risonha, vento e fogo, que não escolhe com
critérios exclusivistas a quem atingir.
Sou aquela que não quer se ajoelhar, se abster e isolar para
que seja possível me religar com Deus. Sou aquela que se une a ele por meio de
atos cotidianos, por mais mal julgados que estes sejam.
Sou aquela que aceitou sua tentativa carinhosa de me salvar
das sombras que me seguem, mas, que no fim, percebeu que não era possível ser
salva de quem em verdade era.
Sou aquela que ama, porém, que não é capaz de aceitar um
amor que nega quem em essência sou.
Sou aquela que aceitou que as lágrimas não devem ser
temidas, pois cumprem a função de lavar os cantos da mente, estes que não
alcançamos pela razão. Por isso, nesse momento as deixo rolar.
Saiba... Depois de tantos anos, não há espaço para queremos o
nada entre nós. Muita coisa foi vivida para desejar o balsamo do esquecimento e
da insignificância.
Sentiremos saudades; acreditaremos em mudanças fracassadas; teremos
fé na transformação que nunca veio; desejaremos nunca ter nos conhecido, assim
como, nunca ter desistido.
Mas, quando diante do alvorecer de uma nova vida, pensarmos
melhor, aceitaremos tudo o que foi vivido, guardaremos os registros com carinho
em nossas almas e só desejaremos o melhor um pro outro. Sei que somos capazes
de tal amor, que vai além dos desejos, das expectativas, da presença e da
carne.
Sou aquela consciente de que fizemos o melhor que podíamos
para dar certo, mas, que assume que não somos o casal que desejamos ser, pelo
simples fato de desejarmos coisas diferentes. Sempre trilhamos caminhos
paralelos, mas nunca um só.
Sou aquela que aprendeu que com o mesmo amor que se começa
uma história esta deve ser finalizada. A necessidade de destruir, magoar e
odiar é para os covardes, capazes de trocar amor por ódio, respeito por
traição, por pura vaidade, culpando o outro para sair imaculado do lodaçal que,
por vezes, as emoções podem ser.
Sou aquela cansada de ouvir e dizer> te amo... quero
ficar com você, mas... infelizmente você é assim.
Sou aquela que garante que tentou de tudo por nós e que sabe
que você tentou até seus limites, mas, que no fim, somos o que somos e não há
vergonha nisso.
Saiba, que diante de tantos ‘mas’, o melhor é aceitar que
não queremos tê-lo como forma de amor. Ou é ou não é, simples assim... ninguém
muda ninguém para satisfazer sua ânsias.
Sou aquela que aprendeu a respeitar a maior de todas as
diferenças, contudo, aprendeu também a negá-la como opção de vida> o amor
condicionado à medida que se encaixa no desejo do outro, porque sei, não o
fazemos por mal, foi assim que nosso egoísmo aprendeu a amar.
Mas, não quero amar
esse amor egoísta e sei que também está cansado de ser limitado por ele. Sendo
assim...
É melhor ter o coração batendo no ritmo da alma do que no
ritmo do desejo do outro.